A estafa mental ou síndrome de Burnout é uma condição de cansaço emocional, mental, físico e social, cuja incidência vem aumentando com os tempos, devido ao ritmo de trabalho cada vez mais frenético. Os principais trabalhadores relacionados com o Burnout são enfermeiros, médicos (e estudantes de medicina), policiais, bombeiros e professores.
O burnout é diferente da depressão, embora seja um fator de risco que pode levar a esse transtorno psiquiátrico. É importante estar atento aos sinais de sobrecarga para que a estafa mental não se desenvolva e prejudique as relações sociais, a efetividade no trabalho e o bem-estar físico e psicológico.
O que é estafa mental?
A estafa mental é uma situação de esgotamento ou “queima total” que leva a um conjunto de sintomas comportamentais. Essa síndrome é composta por 3 principais elementos:
- Exaustão emocional: representado por desgaste e esvaziamento afetivo, perda do “brilho no olhar”;
- Despersonalização ou desumanização: insensibilidade, falta de empatia, irritabilidade, afastamento do público, reações negativas e perda de entusiasmo;
- Baixo senso de realização pessoal: sensação de incapacidade.
Entre as especialidades médicas, as que possuem maior nível de burnout estão os médicos de emergência, médicos da família e comunidade, e ginecologistas. Até as especialidades com um menor nível ainda possuem elevadas taxas, como psiquiatras (42%) e oftalmologistas (43%). Essas taxas tendem a ser ainda maiores em médicos residentes.
Causas
Uma longa jornada de trabalho, burocracia intensa, problemas financeiros, ambiente com competitividade exacerbada e o impulso para uma maior produtividade são fatores que contribuem para o desenvolvimento do burnout e afetam casamentos, cuidado de filhos e vida social no geral. Muitos profissionais aceitam a sobrecarga por achar que é como o trabalho deve ser feito, sendo ele uma prioridade maior do que autocuidado.
A resiliência é uma característica muito importante para evitar o burnout, é essencial aprender a lidar com as questões da vida e saber escolher e priorizar o que deve ser feito, conhecendo seus limites. Válido entender que não é porque alguém está sob estresse que está com burnout.
Características clínicas
O paciente costuma se queixar de insensibilidade, desgaste emocional, afastamento excessivo de pessoas, fadiga, tristeza, irritabilidade e “vida no automático” ou melancolia. Não é incomum relatos de insônia, dores crônicas, uso abusivo de substâncias e alterações de memória.
Ainda que os indivíduos com estafa mental exerçam um esforço excessivo para obter melhor desempenho profissional, o seu desempenho e eficiência caem, sua concentração e atenção diminuem e o estresse pode levar a uma baixa imunidade, tendo como consequência doenças que resultam em faltas no trabalho.
Apesar de tudo isso, os sintomas da estafa mental são considerados “leves” quando comparados a um Transtorno Depressivo Maior (TDM) ou Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), mas ainda é um grande fator de risco para desenvolvimento dessas condições.
Diagnóstico da estafa mental
Não existem critérios diagnósticos específicos para o Burnout, pois é um conceito “recente”, mas se fosse para “encaixar” em uma síndrome psiquiátrica já existente no DSM-5 seria a de Transtornos de Adaptação. No CID-11 o Burnout é considerado como uma doença ocupacional e possui o código QD85.
O diagnóstico pode ser auxiliado pelo questionário do Inventário de Burnout de Maslach (MBI):
Como tratar a estafa mental?
O tratamento baseia-se em medidas individuais, como conhecimento dos próprios limites, reconhecimento do cansaço e sinais de alerta do corpo, identificação do principal fator estressante, aprender a dizer “não” às tarefas excessivas e planejamento adequado. Além disso, é extremamente importante melhorar a qualidade de sono, ter uma alimentação saudável e realizar atividade física.
Pode-se acrescentar também ao tratamento da estafa mental práticas de meditação, arte ou medicina alternativa (acupuntura, aromaterapia, musicoterapia). A terapia com psicólogos é muito útil para as pessoas que precisam de ajuda no processo de mudança/adaptação.
Tratamento farmacológico não é uma solução, ele é muito menos eficaz do que as outras medidas supracitadas e não está muito indicado nesta situação. Apesar disso, nos casos em que o Burnout favoreceu a instalação de transtornos depressivos e ansiosos, o uso de fármacos é benéfico.
Conclusão
A estafa mental ou burnout é uma condição de esgotamento após longo período de trabalho exaustivo, levando a sintomas como fadiga, irritabilidade, afastamento social, insônia e falta de empatia. O diagnóstico é clínico e o tratamento não-farmacológico é o indicado, com medidas de mudança de estilo de vida.
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FONTES:
- Medscape
- Doenças relacionadas ao trabalho Ministério da Saúde do Brasil 2001