Se você aprendeu a andar de bicicleta ainda criança, se lembra de como foi o processo. Primeiro, você usou uma bicicleta com rodinhas nos lados, além de ser acompanhado por um adulto – ou seja, era quase impossível cair. Depois, já sem as rodinhas, você deu suas primeiras pedaladas ainda amparado por um adulto. Por último, o adulto te deixou ir. Sozinho. Você pode ter levado alguns tombos nesse passo final, mas só assim conseguiu pedalar por conta própria.
Podemos usar essa analogia para falar sobre a diferença entre o internato e a residência médica. O internato de medicina, que acontece ainda na faculdade de medicina, seria como uma bicicleta com rodinhas. Você não pode ser solto, pois acabou de subir na bicicleta pela primeira vez. Invariavelmente cairia.
Já a residência acontece após a faculdade. Você já é médico. Já passou um bom tempo treinando, mas ainda precisa de um guia – são suas primeiras pedaladas sem as rodinhas de amparo, afinal. Você ainda precisa de um guia. Só após essas etapas você será capaz de pedalar sozinho. Ainda vai cair, sim. Não há profissionais que não errem. Mas as chances serão bem menores e, com cada tombo, você aprenderá um pouco.
Qual a diferença entre internato e residência?
O internato é um período que ocorre dentro da faculdade de medicina, ou seja, antes do aluno se formar. Ele corresponde aos dois últimos dos seis anos de curso, onde alternam-se aulas teóricas e rotações práticas dentro de um hospital. Essas rotações têm a intenção de mergulhar o aluno na rotina de cada uma das especialidades.
Já a residência médica é uma pós-graduação, ou seja, só pode ser feita após a conclusão da graduação em medicina. Dessa forma, todo residente já é médico e com posse de seu registro de classe, o CRM. A residência foca em apenas uma área de atuação, e pode durar de dois a até seis anos, dependendo da área escolhida.
Quanto tempo de internato de medicina? E de residência médica?
O internato de medicina sempre dura dois anos. As residências médicas duram no mínimo dois anos e, a depender da área escolhida e das sub-especializações, podem ir até seis anos ou mais.
Internato médico
O internato médico é obrigatório e é considerado um estágio não remunerado. Você não se forma na faculdade de medicina sem passar por essa etapa. Ele tem início no 4º ano do curso e vai até o fim dele, o 6º. Enquanto interno, o aluno – que ainda não é médico – não recebe nenhum tipo de bolsa ou compensação financeira.
Carga horária
Durante o internato, os últimos dois anos de graduação são divididos entre estágio e plantão. De forma geral, o internato tem carga horária máxima no Brasil, obrigatória por lei, de 40 horas semanais e os plantões não podem passar de 12 horas por dia. É comum que a maior parte da semana do interno seja preenchida com estágio e um dia fazendo plantão.
Atividades realizadas
Durante esse período, o aluno da faculdade será inserido na prática médica e fará rotações nas cinco grandes áreas da medicina: Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Medicina da Família e Comunidade, Pediatria e Clínica Médica. Ele estará sempre acompanhado por supervisores, que nos hospitais-escola geralmente serão médicos residentes e médicos já especialistas – os preceptores – que terminaram também a residência.
Além de hospitais, conhecer as ESF, as UBS e outros locais de atendimento. O interno participa de uma espécie de treinamento. Ele fará tudo ou quase tudo que um médico faz, mas sob a supervisão de um.
Realizará exames físicos, anamneses, fará sugestões de exames a serem pedidos, interpretará esses exames, fornecerá sugestões de tratamento. Poderá auxiliar em cirurgias, em partos, em procedimentos menores. É um período de intenso aprendizado prático, quase sempre realizado em grupos.
Responsabilidades
Um interno, na hierarquia do hospital, é a pessoa com menor responsabilidade formal. Afinal, ele está ali para aprender. Ainda assim, sua atenção será chamada para o erro, para a negligência, para a imprudência, para a imperícia. Quem se responsabiliza por um interno é seu preceptor, que deverá corrigi-lo quando for necessário. Ele não tem pacientes próprios, mas acompanha seus casos como se tivesse – é assim que treina para a prática.
Residência médica
A residência médica não é obrigatória no Brasil, embora seja em vários outros países (como os EUA, por exemplo). Ela só pode ser iniciada após a conclusão da faculdade de medicina, mas não é necessário que seja logo em seguida pois, ao contrário do internato, não é obrigatória.
Trata-se de uma especialização numa área de preferência do médico, que pode durar de dois a seis anos ou até mais, caso ele queira cursar mais de uma ou sub-especializações dentro desta. Sem ela o médico é generalista, atuando principalmente sob o regime de plantões.
O tempo de residência não tem limite máximo formal, apenas limite mínimo. Ao contrário do internato, o residente possui alguns direitos próprios como o recebimento de bolsa de R$ 3,300,43 e férias remuneradas. A residência não é a única forma possível para um médico se tornar especialista em determinada área mas é a mais comum e a considerada padrão-ouro para se tornar especialista em todo o mundo.
Carga horária
A carga horária do residente é mais pesada que a do interno. Temos no Brasil uma carga horária máxima limitada a 60 horas semanais, mas sabemos que muitos serviços acabam excedendo esse limite por diversas razões, chegando até às 100 ou até 120 horas.
Com o passar dos anos durante a residência, porém, o comum é que ela vá ficando mais leve. Um R3 costuma trabalhar menos horas que um R2, que trabalha menos horas que um R1. Essa carga também varia muito de uma especialidade para outra.
Atividades realizadas
O médico residente, ao contrário do interno, não faz rotações por todas as áreas da medicina. Ele fica apenas na que escolheu para si, aprendendo com um preceptor – ou um grupo deles – suas funções como profissional.
A função principal da residência é o aprofundamento tanto na teoria quanto nas práticas de uma única especialidade. O dia a dia do médico residente será quase todo no hospital, realizando o que quer que sua área exija – atendimentos emergenciais e ambulatoriais, exames físicos e laboratoriais, cirurgias (caso seja uma especialidade cirúrgica) etc.
Responsabilidades
Um médico residente, mesmo que receba o acompanhamento de profissionais com mais experiência na área, é responsável pelo atendimento e acompanhamento de seus próprios pacientes.
Ele terá um guia a quem recorrer para ajuda, mas já possui registro profissional e terá seu nome atrelado ao atendimento de seus pacientes. Afinal, um residente é um médico em treinamento, mas já é um médico. Logo, carrega todas as responsabilidades de um.
Quais são as áreas disponíveis para a residência médica?
Hoje, o Brasil possui 55 especialidades médicas e 59 áreas de atuação (subespecialidades com duração médica de um ano) reconhecidas oficialmente pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Todas elas estão disponíveis para residência; algumas com acesso direto e outras com pré-requisitos. Citaremos aqui as cinco com maior número de especialistas conforme a Demografia Médica 2023:
1. Clínica Médica
Uma das cinco grandes áreas da medicina, a Clínica Médica é a que conta com maior número de médicos especialistas no Brasil, com mais de 55 mil profissionais. É voltada à prática conservadora, ou seja, ao diagnóstico e tratamento que não envolvem cirurgia.
Dá ao médico uma boa visão holística do paciente. É a área mais procurada para residência hoje, por ser pré-requisito para muitas outras (como cardiologia, Pneumologia, endocrinologia etc.). Para saber todos os detalhes dessa residência médica e sobre a vida desse profissional clique aqui.
2. Pediatria
Muito parecida com a Clínica Médica, sua principal diferença é que esse profissional atua exclusivamente no cuidado e prevenção de doenças do público infantil. A residência médica em Pediatria tem duração de 3 anos e também conta com muitas sub-especializações, atualmente o Brasil possui mais de 48 médicos portadores dessa especialidade.
Para saber todos os detalhes sobre a residência médica em Pediatria e sobre a vida desse profissional clique aqui.
3. Cirurgia Geral
Como o nome já diz, é voltada à prática cirúrgica. Assim como a Clínica Geral um dos grandes fatores para o número alto de especialistas (mais de 40 mil) é por ser pré-requisito de todas as subespecialidades cirúrgicas. Essa especialização tem duração de 2 anos. O cirurgião passa quase todo seu tempo de trabalho em um centro cirúrgico operando, embora também precise consultar seus pacientes em ambiente ambulatorial.
Para saber todos os detalhes sobre a residência médica em Cirurgia Geral e sobre a vida desse profissional clique aqui.
4. Ginecologia e Obstetrícia
Área que foca na saúde reprodutiva da mulher. Alguns especialistas focam apenas no período da gestação; outros escolhem ficar apenas com a ginecologia; todos são aptos a praticar ambos. A residência médica em Ginecologia e Obstetrícia tem duração de três anos e mais de 37 mil especialistas na área.
Para saber todos os detalhes sobre a residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e sobre a vida desse profissional clique aqui.
5. Anestesiologia
A Anestesiologia é a especialidade médica responsável pela manutenção vital do paciente durante uma cirurgia. Esse profissional aprende como controlar a dor, mobilidade, hemodinâmica, oxigenação e nível de consciência tornando possível com que o cirurgião faça sua atividade.
Faz parte da sigla ROAD - do inglês, Radiologia, Oftalmologia, Anestesiologia e Dermatologia - composta pelas áreas médicas que melhor unem um bom estilo de vida com remuneração financeira. Tem duração de três anos e é a quinta especialidade médica com maior número de profissionais com quase 30 mil titulares.
Para saber todos os detalhes sobre a residência médica em Anestesiologia e sobre a vida desse profissional clique aqui.
Como me preparar para o internato de medicina e a residência médica?
Nós do Eu Médico Residente entendemos os desafios do internato de medicina, toda a dificuldade envolvida na rotina ainda mais pesada e prática, e nessa etapa nova na sua carreira como médico. Para além disso, se você quer ser um médico que une um maior grau de especialização com um melhor estilo de vida e remuneração do que o de médicos generalistas, cursar uma residência médica se torna fundamental.
Sabendo disso, criamos um preparatório duplo para você que está entrando no internato médico. Nosso preparatório Bases vem para garantir que essa fase ocorra da melhor maneira possível, para que você retenha conteúdos que serão fundamentais em toda sua carreira e relembrar os assuntos dos quatro primeiros anos da graduação.
Além disso, na última fase do curso você aprenderá os conteúdos mais importantes para garantir sua aprovação nas principais bancas de residência médica do país assim que terminar a graduação.
O nosso preparatório para o internato visa tornar você um doutorando de destaque, e conta com os seguintes recursos incluídos: mais de 35 mil questões comentadas em texto e vídeo, plataforma de métricas totalmente exclusiva e individualizada e apoio psicológico.
Conclusão
Em resumo, as diferenças entre internato e residência estão em:
Ambas são etapas determinantes na carreira de todo médico e que exigem boa preparação.
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