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Publicado em
21/6/24

Candidíase vulvovaginal: o que é, sintomas e como tratar

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Candidíase vulvovaginal: o que é, sintomas e como tratar

O corrimento vaginal é uma das principais queixas da mulher no ambulatório de ginecologia. Existem várias etiologias, e é fundamental saber relacionar as queixas da paciente com os achados dos exames para dar o diagnóstico correto! Por isso, não perca mais um post sobre uma das principais causas de corrimento vaginal da mulher: a candidíase vulvovaginal.

O que é a candidíase vulvovaginal?

A candidíase vulvovaginal é uma doença causada por fungos do gênero Candida, que são comensais da mucosa vaginal e digestiva. É uma doença comum e estima-se que 75% das mulheres vão apresentar ao menos um episódio ao longo da vida. A espécie mais prevalente é a C. albicans, causando de 80% a 90% das infecções por candidíase. Diferentemente da tricomoníase, não é considerada uma IST.

Causas

A doença ocorre por um desequilíbrio na microbiota vaginal da mulher, que vai ser desencadeado por fatores de risco como: gravidez, anticoncepcionais com estrogênio e terapia de reposição hormonal. Isso porque são condições que aumentam os níveis de estrogênio no corpo da mulher, e promovem deposição de glicogênio na mucosa vaginal, facilitando a proliferação de fungos.

A diabetes mellitus não controlada, também é um fator de risco que altera a microbiota vaginal pelo aumento da glicose. Assim como o uso de antibióticos sistêmicos ou locais, que podem causar destruição de germes importantes da flora local, facilitando a proliferação da Cândida pela diminuição de competição. Por fim, mulheres imunodeprimidas ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores também estão mais suscetíveis. 

Sintomas da candidíase vulvovaginal

A candidíase vulvovaginal pode se apresentar de forma assintomática em algumas pacientes. No entanto, quando os sintomas estão presentes, os mais comuns incluem prurido vulvovaginal, sensação de queimação, edema, corrimento vaginal espesso e branco com aparência de coalho, irritação e dor vaginal, dispareunia e disúria externa. Os sintomas podem se intensificar na semana anterior à menstruação. 

Diagnóstico 

O diagnóstico da doença pode ser dado através do exame microscópico a fresco com hidróxido de potássio a 10%, pela técnica de coloração de Gram ou pela cultura para análise da secreção vaginal.  O pH vaginal menor do que 4,5 também é indicativo de candidíase vulvovaginal. Além disso, o exame físico da pelve vai ser fundamental para concluir o diagnóstico e iniciar o tratamento correto.

Exame da pelve

Iniciamos o exame da pelve com a inspeção estática, em que serão avaliados os pelos pubianos (se são tricotomizados ou não), se existem lesões na pele e nas mucosas, se há presença de variações anatômicas e alterações no períneo. Abaixo está um exemplo de achados da inspeção estática de uma paciente com essa patologia:

Imagem mostrando a vulva hiperemiada e edemaciada por Candidíase vulvovaginal
Vulva hiperemiada e edemaciada por Candidíase vulvovaginal. Fonte: First derm 

Observe a hiperemia e o edema vaginal. Isso ocorre porque a candidíase provoca prurido intenso na mulher, que, ao coçar a área, provocará inflamação. Para mais, fissuras vaginais e a dor durante a relação sexual, também são sintomas característicos da candidíase vulvovaginal.

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Exame especular

Quando a mulher tem uma queixa de corrimento, precisamos fazer o exame especular. Esse exame vai permitir uma melhor análise do conteúdo e das paredes vaginais, e a visualização do colo uterino. Ao fazer o exame especular algumas das características estudadas são o aspecto das secreções, a coloração das paredes vaginais e do colo uterino e o odor das secreções

Imagem mostrando secreção de aspecto grumoso, ou de “leite coalhado”
Secreção de aspecto grumoso, ou de “leite coalhado”. Fonte: Fetalmed

Toque ginecológico

Por fim, é preciso fazer o toque ginecológico. É possível coletar a secreção com a luva e fazer uma melhor análise da consistência da secreção e verificar com maior acurácia o odor. Ao fazer o toque ginecológico e colher a secreção grumosa das paredes vaginais dessa paciente, percebe-se que a secreção é inodora.

Como tratar a candidíase vulvovaginal?

O tratamento da candidíase vulvovaginal é baseado no uso de agentes antifúngicos. Para casos agudos e não complicados, as opções de tratamento incluem uma dose única de Fluconazol 150 mg por via oral ou a aplicação intravaginal de Terconazol, que pode ser dose única ou múltipla de 3 a 7 dias. Ambas as opções têm eficácia semelhante em pacientes imunocompetentes e sem infecções recorrentes, permitindo que a escolha do tratamento seja baseada em custo, preferência do paciente e interações medicamentosas.

Para candidíase vulvovaginal complicada, como em pacientes imunossuprimidos ou com infecções recorrentes, são recomendados regimes de tratamento mais prolongados, com medicação intravaginal de antifúngico por uma semana ou mais. Ademais, pode ser feito o tratamento oral com Fluconazol 150 mg a cada 3 dias por três doses. Pacientes com infecções recorrentes podem se beneficiar de terapia supressiva com fluconazol semanal por 6 meses.

Conclusão

A candidíase vulvovaginal é uma condição comum entre as mulheres que deve ser prontamente identificada desde a atenção básica. Embora frequentemente possa ser recorrente, o tratamento é simples e geralmente envolve antifúngicos orais ou intravaginais. A escolha do tratamento deve considerar fatores como a gravidade da infecção e a presença de complicações, assegurando alívio rápido dos sintomas.

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