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Publicado em
9/7/23

Candida auris: características, sintomas e tratamentos

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Candida auris: características, sintomas e tratamentos

Atualmente, a Candida auris representa uma ameaça à saúde no Brasil e internacionalmente. Sua propagação em ambientes de saúde, como hospitais e UTIs, coloca em risco tanto pacientes vulneráveis quanto os previamente hígidos. A rápida disseminação, difícil diagnóstico e a limitação de medicamentos de manejo tornam as infecções por C. auris um desafio. Vamos entender o que torna esse fungo um agente impactante na saúde.

O que é um Superfungo?

Um Superfungo, que também pode ser chamado de Fungo Super Resistente ou Fungo Multirresistente, é um microorganismo fúngico que desenvolveu resistência aos medicamentos disponíveis para o seu tratamento. Essa tolerância se desenvolve a partir de mutações genéticas que fornecem ao organismo a capacidade de sobreviver durante a tentativa de sua erradicação.

Por que o Candida auris é considerado um superfungo? 

O Candida auris é uma gênero de fungo emergente que se encaixa nessa classe de microrganismos, visto que é resistente às três classes de antifúngicos comumente usados para tratar infecções por Cândida. Além disso, ele é de difícil identificação em métodos laboratoriais padrão, podendo passar despercebido na análise ou ser erroneamente diagnosticado como outro microorganismo, levando ao manejo incorreto da infecção.

Quais são os fatores de risco?

Os fatores de risco para a infecção pelo Candida auris ainda não são precisos, porém as hipóteses indicam que são similares aos da Cândida comum. Os seguintes elementos podem propiciar a instalação do microorganismo: Diabetes Mellitus, imunossupressão prévia, uso de corticosteróides, cirurgia recente, admissão em UTI, nutrição parenteral, uso recente de antibióticos de amplo espectro e catéteres, sejam eles urinários ou venosos.

Características do Candida auris

O Candida auris possui características próprias, além da resistência medicamentosa, possui habilidade aumentada de persistir no ambiente por conseguir colonizar rapidamente a pele e permanecer por tempo prolongado em superfícies. Ademais, é capaz de formar biofilmes em superfícies poliméricas que são resistentes a agentes antifúngicos. Apesar disso, é sensível à desinfecção por Clorexidina quando na pele.

Sintomas causados pelo superfungo Candida auris 

O fungo Candida auris causa infecção disseminada na corrente sanguínea. Assim, sintomas mais inespecíficos estão propensos a aparecer, como febre, calafrios, sudorese e hipotensão arterial. Por estar presente na circulação, esse microorganismo se dissemina para diversos órgãos, gerando sintomas específicos no órgão em que acomete. É importante ressaltar a ligação já elucidada do superfungo com o uso de Acessos Venosos Centrais.

Os locais mais comuns de encontrar essa espécie são: ossos, sistema nervoso central, feridas e sítios cirúrgicos, orelha média e interna, trato urinário e respiratório, fluido peritoneal e fascias. Por ser um tema de estudo ainda muito recente, não se sabe se esses locais em que foi possível o isolamento do microrganismo são alvo de infecção ou apenas de colonização.

Evidência de otomicose por Candida auris. Fonte: Candida auris otomycosis in Iran and review of recent literature

Como diagnosticar a infecção causada pelo superfungo?

A ocorrência de infecções por Candida auris, em sua maioria, não são em casos isolados mas sim em surtos que geralmente se limitam a um centro de saúde. Sendo assim, o diagnóstico acontece pela observação de um padrão de quadros clínicos semelhantes com as características anteriormente citadas, além de métodos laboratoriais para a tentativa de isolamento do fungo  por cultura em fluidos corporais, como escarro, urina e, principalmente, sangue.

Ademais, é importante reconhecer a capacidade do setor laboratorial de cada centro de assistência à saúde, visto que a maioria deles não possuem os recursos ou treinamento necessário para o diagnóstico na cultura do microrganismo. Assim, é possível o contato com profissionais de outros laboratórios para envio do material a ser estudado. O diagnóstico precisa ser feito de maneira rápida para não atrasar o controle da disseminação.

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Quais são os principais tratamentos?

Sobre o manejo de infecções por Candida auris, é aconselhável consultar um especialista em doenças infecciosas. Por esse fungo ter a particularidade da resistência a múltiplas classes de antifúngicos, torna-se impreciso o estabelecimento de um tratamento ideal. No entanto, as autoridades de saúde sugerem iniciar um tratamento empírico com uma Equinocandina, como a Micafungina.

A recomendação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para pacientes adultos inicia com Anidulafungina, Caspofungina ou Micafungina. Deve-se considerar a mudança para Anfotericina B Lipossomal se o paciente não apresentar resposta clínica ou se a fungemia (disseminação sanguínea do C. auris) persistir por mais de cinco dias. É importante lembrar da medida não-medicamentosa de isolar o paciente para evitar a disseminação da doença.

Prevenção

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam: isolamento de pacientes com o super fungo candida auris, reforço de limpeza de aparelhos e superfícies, reforço de EPIs e higienização dos profissionais de saúde com preferência de uso da Clorexidina, rastreamento do patógeno em pessoas que tiveram contato com o paciente infectado, notificação para as autoridades de saúde local e cuidados rigorosos com cateteres venosos centrais e urinários.

Conclusão

Diante do exposto, entendemos que a Candida auris apresenta uma ameaça significativa à saúde pública devido à sua resistência à terapia convencional e à dificuldade de identificação nos exames laboratoriais de rotina. Uma vez identificados, os pacientes contaminados devem ser devidamente isolados e tratados para evitar a disseminação desse microrganismo de difícil controle.

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