O câncer no pâncreas é uma neoplasia de difícil detecção, sendo o seu tipo mais comum o adenocarcinoma, correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Por ser de difícil detecção e comportamento agressivo, tem uma alta taxa de mortalidade, sendo a taxa de sobrevivência global de apenas 5% em 5 anos.
Nesse post iremos abordar o câncer de pâncreas, sintomas e tratamento!
Fatores de risco câncer no pâncreas
Dentre os fatores de risco para câncer de pâncreas, se destacam:
- Tabagismo;
- Idade maior que 55 anos;
- Sexo masculino;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Pancreatite crônica;
- Cirrose;
- Infecção de H. pylori;
- Exposição a químicos;
- História familiar; e
- Cerca de 10% dos casos têm causa genética ou está associada a síndromes como a síndrome de Lynch.
Histologia
O câncer no pâncreas pode ser adenocarcinoma seroso, seromucoso ou mucinoso. Mais de 90% dos adenocarcinomas do pâncreas são de células ductais, sendo outros tipos o cistadenocarcinoma e o carcinoma de células acinares. Dois terços surgem na cabeça do pâncreas; um terço no corpo e cauda.
Sintomas de câncer no pâncreas
Os sintomas normalmente incluem icterícia (por obstrução do ducto biliar, mais comum no câncer de cabeça de pâncreas), perda de peso, dor abdominal, fraqueza, prurido, anorexia, colúria, vesícula biliar palpável e indolor e diabetes de início recente. Alguns podem apresentar quadro de trombose venosa profunda. Quando esses sintomas se apresentam, normalmente, já se trata de uma neoplasia avançada.
Os achados laboratoriais incluem elevação nos testes de função hepática, níveis diretos e totais de bilirrubina, amilase e lipase elevadas e marcadores de tumor pancreático elevados (CA 19-9 e CEA).
Veja também:
- As Fases da Preparação para a Residência Médica - Dicas e Estratégias
- Residência Médica em Medicina de Tráfego: como funciona, salário e mercado
- Dicas para Melhorar seu Desempenho nas Provas de Residência Médica: Guia Completo
Como é feito o diagnóstico?
Na suspeita de câncer no pâncreas o exame ideal para detectar é a TC de abdome. O PET/CT ajuda na avaliação de metástase a distância. Não há evidência que o rastreamento traga mais benefícios do que riscos, portanto, até o momento, não é recomendado.
Além disso, nos casos em que uma definição não seja possível com a tomografia computadorizada, a ultrassonografia transabdominal ou os exames laboratoriais, ou ainda naqueles casos em que a cirurgia não deva ser oferecida de imediato, outros métodos podem ser realizados. A ressonância nuclear magnética, ultrassonografia endoscópica e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica podem ser utilizados, assim como procedimentos percutâneos via radiologia intervencionista.
Duas definições importantes nas etapas de avaliação do câncer de pâncreas são tumores limítrofes e irressecáveis. Os tumores pancreáticos limítrofes incluem aqueles com oclusão de segmento curto da confluência da veia mesentérica superior ou da veia porta ou artéria hepática.
Para mais, esse tipo de câncer é categorizado como tumor ressecável ou não ressecável, de acordo com o envolvimento vascular e a evidência de metástase à distância.
Tumores irressecáveis
A doença metastática no fígado, peritônio, omento e linfonodos extra-regionais são considerados irressecáveis. A presença de envolvimento vascular (maior que 180 graus da artéria mesentérica superior e artéria celíaca) também classifica os pacientes no grupo irressecável.
No entanto, no caso de envolvimento da veia mesentérica superior, as possíveis opções de reconstrução devem ser avaliadas cuidadosamente. As seguintes características na cabeça do pâncreas e no processo uncinado são indicadores de irressecabilidade:
- Envolvimento superior a 180 graus da artéria mesentérica superior e/ou eixo celíaco;
- Presença de contato do tumor sólido com o primeiro ramo jejunal da artéria mesentérica superior;
- Envolvimento da veia mesentérica superior ou da veia porta que não é passível de reconstrução;
- Evidência de contato com o ramo jejunal de drenagem mais proximal para a veia mesentérica superior.
A presença das seguintes características classificaria as lesões do corpo e da cauda do pâncreas como irressecáveis:
- Envolvimento superior a 180 graus da SMA e/ou eixo celíaco
- Envolvimento aórtico
- Veia mesentérica superior ou envolvimento da veia porta que não é passível de reconstrução.
Tratamento
Se o câncer no pâncreas for considerado localmente avançado, então, por definição, é irressecável. O tratamento neoadjuvante com quimioterapia e/ou radiação é tipicamente preferido nesta situação, que normalmente dura de 4 a 6 semanas. A analgesia é muito importante, pois é um câncer que costuma causar muita dor, podendo utilizar-se de opióides.
Se ele estiver localizado na cabeça do pâncreas, então o procedimento de Whipple (pancreaticoduodenectomia) é o de escolha. Se o tumor estiver no corpo ou cauda do pâncreas, a pancreatectomia distal com esplenectomia é necessária. No pós-operatório, os pacientes podem receber quimioterapia com 5-FU, gencitabina e radioterapia.
Conclusão
O câncer no pâncreas é uma neoplasia maligna de alta taxa de letalidade e de difícil diagnóstico. Se apresenta com icterícia (na neoplasia de cabeça de pâncreas), perda de peso, dor abdominal, anorexia, entre outros sintomas. O seu diagnóstico é feito por meio da tomografia computadorizada de abdome e o tratamento vai depender se o tumor é ressecável ou não.
Leia mais:
- Pancreatite Crônica: causas, sintomas e manejo
- Gastrite: o que é, quais as causas e como tratar
- Câncer de Vesícula Biliar: como Diagnosticar, Sintomas e Estadiamento
- Pancreatite aguda: entenda o que é, como manejar e as possíveis complicações
- Litíase biliar: o que é, quadro clínico e tratamento
FONTES:
- PUCKETT, Yana; GARFIELD, Karen. Pancreatic Cancer. 2022. National Library of Medicine
- Câncer de Pâncreas. INCA – MS. 2022