Desde o surgimento do SARS-Cov-2, muitas são as pesquisas voltadas para saber como se dá a infecção causada por ele, para que além da prevenção, tenhamos um tratamento eficaz. Com isso, um novo estudo, publicado no último dia 29 de janeiro, afirma que o novo coronavírus pode desencadear uma reação autoimune. Isso pode explicar o motivo pelo qual muitos sinais e sintomas permanecem após a eliminação do vírus do organismo.
O motivo da realização do estudo se deu pelo fato dos pacientes com a Covid-19 apresentarem sinais e sintomas (fadiga, mialgia, edema cerebral) indicativos de doenças autoimunes. Assim, aparentemente, o SARS-Cov-2 desencadeia um ataque permanente aos tecidos, mesmo depois do paciente já ter eliminado o vírus. Isso é o que chamam de Covid-19 prolongada.
Como foi realizada a pesquisa por autoanticorpos?
Os pesquisadores acreditam que a autoimunidade pode explicar o motivo pelo qual adultos e crianças desenvolvem as Síndromes Inflamatórias Graves após o quadro infeccioso. Desse modo, a pesquisa analisou dados de mais de 300 pacientes lotados em quatro hospitais (dois na Califórnia, um na Pensilvânia e outro na Alemanha). Ela utilizou como objeto de estudo os exames sorológicos dos pacientes, para avaliar a resposta imunológica do organismo durante as manifestações infecciosas do vírus.
Para isso, fizeram uma busca por autoanticorpos (glicoproteínas responsáveis por atacar o próprio organismo) nas pessoas com diagnóstico positivo para o coronavírus, a fim de comparar com as glicoproteínas de pessoas não infectadas. Então, descobriram que 50% dos infectados apresentavam autoanticorpos, ao contrário dos indivíduos não infectados, dentre os quais apenas 15% apresentavam.
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Resultados
Os indivíduos com autoanticorpos não tiveram uma alteração significativa dos níveis durante o quadro infeccioso. Então, isso sugere que eles estão presentes desde a ocorrência dos primeiros sinais e sintomas, resultando num descontrole da infecção pelo organismo. Isso porque o corpo vai entrar num processo de autossabotagem, dificultando a recuperação do paciente.
Já em 20% da população do estudo, os níveis dos autoanticorpos aumentaram juntamente com a evolução da Covid-19. Sugerindo assim, uma relação direta entre os dois fatores. Diante disso, os cientistas puderam observar que esses anticorpos atacam diretamente as melhores “armas” do sistema imunológico, a exemplo dos interferons. A função deles é interferir na replicação do vírus.
Dessa maneira, algumas outras análises demonstram que, pessoas com a capacidade de produzir esses autoanticorpos e aquelas que possuem genes responsáveis por diminuir a funcionalidade dos interferons, têm mais chances de evoluir para a doença potencialmente fatal.
Além disso, ainda pode-se observar uma resposta autoimune contra os tecidos muscular e conjuntivo, fenômeno observado com frequência em doenças raras.
Para mais, diante dessa descoberta, os autores da pesquisa afirmam ser importante estudar quais são exatamente esses autoanticorpos ativos na Covid-19, pois isso pode resultar num tratamento para a doença. Uma vez que, se a identificação for feita de maneira prévia, será possível tratar com imunossupressores.
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