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2/8/24

Anemia hemolítica autoimune: o que é, sintomas e tratamento

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Anemia hemolítica autoimune: o que é, sintomas e tratamento

A anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma condição médica séria que afeta a qualidade de vida de muitos pacientes. Essa doença ocorre quando o sistema imunológico, que normalmente defende o corpo contra infecções, começa a atacar os próprios glóbulos vermelhos, levando à sua destruição. Este artigo aborda os aspectos essenciais da AHAI, desde a definição até o tratamento, ajudando a compreender melhor essa condição complexa.

O que é a anemia hemolítica autoimune?

A anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma condição na qual o sistema imunológico ataca erroneamente os próprios glóbulos vermelhos, destruindo-os mais rapidamente do que o corpo pode repô-los. Os eritrócitos são essenciais para o transporte de oxigênio dos pulmões para todos os tecidos do corpo, desempenhando um papel crucial na manutenção da saúde e da energia. 

Na AHAI, o sistema imunológico identifica erroneamente essas células como invasoras e produz anticorpos que se ligam à superfície dos glóbulos vermelhos. Essa ligação faz com que os glóbulos sejam reconhecidos como "estranhos" e marcados para destruição.

O baço, juntamente com outros órgãos do sistema reticuloendotelial, é responsável pela remoção dessas células marcadas. Essa destruição prematura resulta em uma redução significativa na contagem de glóbulos vermelhos, levando à anemia. Os pacientes podem sofrer de uma série de sintomas devido à diminuição da capacidade do sangue de transportar oxigênio, impactando severamente a qualidade de vida. A AHAI é uma doença complexa, que pode ser primária ou associada a outras condições, e requer uma abordagem diagnóstica e terapêutica cuidadosa.

Causas

As causas da AHAI são variadas e, em muitos casos, a origem exata da condição permanece desconhecida, sendo classificada como idiopática. No entanto, existem vários fatores conhecidos que podem desencadear ou estar associados ao desenvolvimento da AHAI:

Doenças Autoimunes

A Anemia Hemolítica Autoimune frequentemente se associa a outras doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico. Nesses casos, o sistema imunológico ataca não apenas os glóbulos vermelhos, mas também outras partes do corpo.

Infecções Virais

Infecções causadas por certos vírus, como o vírus Epstein-Barr ou o CMV, podem desencadear uma resposta imune anormal, resultando na produção de anticorpos que atacam os glóbulos vermelhos.

Medicamentos

Certos medicamentos, como antibióticos (penicilinas e cefalosporinas) e drogas anti-inflamatórias, podem induzir AHAI. Esses medicamentos podem alterar a superfície dos glóbulos vermelhos, tornando-os alvos para o sistema imunológico.

Cânceres Hematológicos

Doenças como linfomas e leucemias podem estar associadas à AHAI. Essas condições podem causar uma desregulação do sistema imunológico, levando ao ataque autoimune.

Predisposição Genética

Embora a predisposição genética não seja completamente compreendida, estudos sugerem que fatores hereditários podem aumentar o risco de desenvolvimento da AHAI, particularmente em pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes.

Sintomas da anemia hemolítica autoimune

Os sintomas da AHAI podem variar significativamente em intensidade, dependendo do grau de destruição dos glóbulos vermelhos. Os sintomas mais comuns incluem:

Fadiga Extrema e Fraqueza

Devido à redução no número de glóbulos vermelhos, há menos oxigênio disponível para os tecidos do corpo, resultando em cansaço e fraqueza constantes.

Palidez

A diminuição da hemoglobina pode causar uma aparência pálida, especialmente visível na pele e nas mucosas.

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Falta de Ar

Com menos capacidade para transportar oxigênio, os pacientes podem sentir dificuldade em respirar, principalmente durante esforços físicos.

Palpitações e Tontura

O coração pode bater mais rápido para compensar a baixa oxigenação, levando a palpitações e sensação de tontura.

Icterícia

Devido à destruição dos glóbulos vermelhos, há um aumento na bilirrubina, um subproduto da degradação da hemoglobina, resultando na coloração amarelada da pele e dos olhos.

Urina escura

O excesso de bilirrubina também pode causar escurecimento da urina.

Urina de coloração escura e suas causas. Fonte: https://www.mdsaude.com/nefrologia/urina-colorida/#google_vignette. 
Urina de coloração escura e suas causas. Fonte: https://www.mdsaude.com/nefrologia/urina-colorida/#google_vignette

Dor Abdominal

Alguns pacientes podem sentir dor no abdômen, frequentemente associada ao aumento do baço, que está trabalhando excessivamente para remover os glóbulos vermelhos danificados.

Qual é a diferença entre a anemia autoimune quente e a fria?

A AHAI é dividida em dois tipos principais: quente e fria, com base na temperatura em que os anticorpos reagem mais fortemente com os glóbulos vermelhos. Na AHAI quente, os anticorpos, geralmente do tipo IgG, reagem melhor a temperaturas normais do corpo (cerca de 37°C). Essa forma é mais comum e geralmente associada a doenças autoimunes, infecções ou cânceres, apresentando sintomas como fadiga, palidez e icterícia.

Por outro lado, a AHAI fria envolve anticorpos, frequentemente do tipo IgM, que reagem a temperaturas mais baixas (28-31°C). Esse tipo ocorre mais frequentemente em áreas expostas ao frio, como mãos e pés, causando sintomas como cianose (coloração azulada) e dor. A AHAI fria está associada a infecções, como a mononucleose infecciosa, ou a condições malignas. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da AHAI envolve uma abordagem multifacetada:

Hemograma

Este exame verifica os níveis de hemoglobina e a contagem de reticulócitos. Na AHAI, a contagem de reticulócitos geralmente está elevada, indicando que a medula óssea está tentando compensar a perda dos glóbulos vermelhos.

Marcadores de hemólise

Elevação da bilirrubina indireta e DHL, esses liberados na corrente sanguínea após a destruição eritrocitária.

Teste de Coombs Direto

Este é um exame fundamental que detecta a presença de anticorpos ou complemento na superfície dos eritrócitos. Um resultado positivo indica que os glóbulos vermelhos estão sendo atacados pelo sistema imunológico. O exame só possui significado clínico diante de um paciente com sinais de hemólise.

Esquematização do teste de coombs direto. Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2010/11/teste-de-coombs-direto.html. 
Esquematização do teste de coombs direto. Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2010/11/teste-de-coombs-direto.html

Exames Complementares

Podem ser realizados exames adicionais para identificar possíveis causas secundárias da AHAI, como infecções, outras doenças autoimunes ou condições hematológicas malignas.

Esses testes são essenciais para confirmar o diagnóstico de AHAI e para orientar o tratamento adequado, garantindo que outras condições que podem mimetizar os sintomas sejam descartadas.

Tratamento para a anemia hemolítica autoimune

O tratamento da anemia hemolítica autoimune (AHAI) é individualizado, dependendo da gravidade dos sintomas e da causa subjacente. Inicialmente, utilizam-se corticosteroides, como a prednisona (1-2 mg/kg/dia), para suprimir o sistema imunológico e reduzir a produção de anticorpos que atacam os glóbulos vermelhos. Caso os corticosteroides não sejam eficazes ou apresentem efeitos colaterais significativos, outros imunossupressores, como azatioprina ou ciclosporina, podem ser administrados para controlar mais profundamente a resposta imunológica. 

Em casos agudos, a imunoglobulina intravenosa (IVIg) pode ser utilizada para bloquear temporariamente os anticorpos responsáveis pela destruição dos glóbulos vermelhos. A esplenectomia, ou remoção do baço, é considerada para pacientes que não respondem bem aos medicamentos, reduzindo a destruição das células. Além disso, terapias biológicas, como o rituximabe, são opções para depletar as células B, que produzem os anticorpos.

Transfusões de sangue podem ser necessárias em situações de anemia grave, mas são uma solução temporária. O tratamento de condições subjacentes, como infecções ou outras doenças autoimunes, é essencial para controlar os sintomas da AHAI. O manejo contínuo por um hematologista é fundamental, ajustando o tratamento conforme necessário para minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Conclusão

A anemia hemolítica autoimune é uma doença complexa que requer um diagnóstico preciso e um tratamento cuidadoso. Com acompanhamento médico adequado, muitos pacientes conseguem controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida. É essencial que qualquer pessoa com suspeita de anemia busque avaliação médica para um diagnóstico correto e um plano de tratamento eficaz.

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FONTES:

  • Manual do Residente de Clínica Médica - 3. ed. - Santana de Parnaíba [SP] : Manole, 2023.
  • Harrison's Principles of Internal Medicine. 21. ed. [S. l.: s. n.], 2022.