Hoje, dia 14 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. Mas, como essa data surgiu? Aqui no Brasil, essa data foi criada em 2005, a data foi instituída pela Assembleia Mundial da Saúde como um dia especial para agradecer aos doadores e incentivar mais indivíduos a doar sangue livremente.
A data foi pensada como uma homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner, imunologista austríaco que descobriu o fator Rh e as várias diferenças entre os tipos sanguíneos.
Desde então, todos os anos, o dia é comemorado com diferentes dilemas para incentivar a doação de sangue em todo o nosso país. Em Pernambuco, o Hemope é responsável por 70% da demanda transfusional do estado.
Por isso, entrevistamos a supervisora da Captação de Doadores, Josinete Gomes, em uma conversa esclarecedora e estimulante sobre doação e incentivo a população. Vamos nessa?
EMR entrevista: Qual a importância da doação de sangue e de uma data no ano que tenha como objetivo o incentivo a essa ação?
Josinete Gomes: É desafiante, a gente trabalhar enquanto Hemope, no processo de educação e sensibilização sobre a doação de sangue. Primeiro, porque nós não temos a cultura da doação. Nós não crescemos, não ouvimos na escola a conversa sobre a importância de doar. Nós escutamos o sistema circulatório. Então você espera que uma população, de repente ela olhe pra essa questão de uma forma muito natural, é muito difícil. Então, é sempre desafiador levar a mensagem para a população de que é você é a única fonte. Não existe um outro local onde a gente encontre, não é numa farmácia, não é não uma fábrica né? Então nós dependemos da disponibilidade da população do ser humano, porque só ele é a fonte. E muitas vezes a gente percebe que não há um conhecimento sobre isso. Qual a importância de eu doar? Tem pessoas que acham que a doação não sabe nem pra onde vai. Então é nosso desafio, é esse o nosso trabalho. E quando você fala da data, por que é importante? É porque a gente chama atenção da população no momento que ninguém tá, por exemplo, quem vai nos assistir, quem está ouvindo sobre o tema no no país inteiro e no mundo inteiro sobre isso, ela pode simplesmente estar desprendida, sem nenhum questionamento e dizer assim “pô nunca doei. E aí por que não? Ir é um hemocentro e realizar uma doação.” Né? Porque o estímulo mundial é esse. É que você doe sem um vínculo a alguém. O ideal é esse. Não que não deixe acontecer um parente, um amigo de repente vir a precisar de sangue. Mas o incentivo é “Eu doei a primeira vez pra alguém. Poxa, foi legal, foi eu vou continuar doando. Só eu organizar minha agenda e continuar doando.” Então essas datas fazem com que a gente dê um destaque pra população sobre pra onde vai o sangue. Por que é importante doar e que o serviço é seguro porque a gente precisa estar divulgando isso pras pessoas que doar sangue não afeta a saúde delas, não prejudica, certo?
EMR entrevista: Além da sede do HEMOPE, quais os outros pontos em que é possível doar no estado de Pernambuco?
Josinete Gomes: O Hemope tem como sede o hemocentro de Recife, que é uma hemocentro coordenador, mas nós temos outras sedes em Caruaru, Garanhuns, Ouricuri, Serra Talhada, Salgueiro, Arcoverde e Petrolina então essas unidades atendem para doação de sangue a população dessas localidades também.
EMR entrevista: Quem pode doar? Quais são os requisitos que a pessoa que quer doar precisa cumprir?
Josinete Gomes: É importante informar que toda essa seleção é feita baseada numa legislação. E ela é utilizada, ela orienta e normatiza todos os hemocentros do país. Então os critérios são homens e mulheres, com idade a partir dos 16 anos, no caso adolescente ele deve vir acompanhado de um responsável legal e quem foi o doador de sangue da HEMOPE poderá doar até os 69 anos de idade. Peso acima de 50 kgs, vir alimentado porque ninguém doa em jejum. E apresentar um documento oficial com foto.
EMR entrevista: Atualmente, como está o estoque de sangue do HEMOPE?
Josinete Gomes: É importante registrar que o mês de maio no Brasil, tem uma queda de doações. Não só no HEMOPE, mas em todas as unidades hemocentros brasileiras. E gravando essa situação nós tivemos o quê? Nós estamos no período das chuvas, né? O que diminui a frequência da população nas ruas e consequentemente dentro dos hemocentros. E nós aqui não somos diferente, e ainda em Pernambuco com esse problema há duas semanas então nós tivemos uma redução e chegamos a ter uma redução de cinquenta por cento no número de doações. Ou seja, se hoje já estou em queda com 200 doadores dia, teve dias aqui que eu atendi de 100 a 80 doadores apenas. E toda a minha necessidade para atender emergências, atender pacientes crônicos, atender cirurgias pré-veladas. Então nós estamos com todos os estoques críticos de A, B, O, de B, de AB, seja ele positivo ou negativo.
EMR entrevista: Em um universo ideal, qual seria o número de doadores para suprir o número de pessoas precisando de doação?
Josinete Gomes: Como o HEMOPE tem responsabilidade de atender cerca de setenta por cento da demanda transfusional da rede pública, nós precisaríamos em média de 350 a 400 doadores dia, doando para que a gente pudesse ter o estoque ideal. Então nós sempre trabalhamos com diversas ações junto a diversos segmentos para tentar chegar nesse número e garantir o atendimento às solicitações que nos chegam, mas ainda existe sem déficit diante desse número de doações.
EMR entrevista: Eu gostaria que você falasse sobre alguns mitos em torno da doação. E um pouco de como é a rotina aqui no HEMOPE.
Josinete Gomes: Bom, a grande questão pra mim é que o primeiro mito que a gente tem que falar é sobre desinformação. Eu sou desinformado sobre a questão, eu criei uma série de questões em torno do tema, né? E o imaginário humano é imenso. Então as pessoas falam que eu emagreci, ou vou ficar fraco se eu doar sangue eu vou ficar debilitado, eu vou ficar dependendo da doação, então não existe essa questão. Primeiro porque eu vou renovar meu sangue? Não se renova, seu corpo é uma fábrica ele, ele puxa ele já apesar do que você ele já começa a renovar e a reproduzir tudo que você doou. Engordar ou emagrecer também não afeta. E a obrigatoriedade de você doar novamente não existe. Existe sim o entendimento de que só você pode ajudar e que você reconhece que é seguro, que é simples e que você pode voltar e que não afeta sua saúde. Então há um uma consciência de cada um e ele toma atitude de dizer eu vou continuar doando. É esse o sentido.
Mas pra gente outra questão também é a agulha né? As pessoas acham que doar sangue todo mundo comenta que a agulha é muito grossa. A agulha tem um calibre necessário para coletar em um tempo certo na cadeira. Outra questão é também relacionada a como a gente está falando da desinformação. É a questão da agulha e o material que é descartável. Eu vou me contaminar? Não. O material é descartável e individual. Então você usou agulha descartável, não existe reutilização. Então essa preocupação ela não tem que existir.
O nosso desafio enquanto captação é exatamente levar a população essas informações e fazendo com que a população se perceba corresponsável. O nosso grande desafio é que as pessoas percebam que todos fazemos parte e estamos envolvidos na questão da saúde pública e nós podemos dar nossa contribuição. Para isso nós desenvolvemos ações emergenciais que são ações pra gente ter uma resposta muito rápida de doação. E o foco também na educação para que essa doação seja entendida como processo contínuo. Então a gente faz curso de formação de agente multiplicadores da doação de sangue.
Nós estabelecemos parcerias com diversos segmentos da sociedade e para campanhas de doação de sangue nos locais como empresas de ensino, universidade e municípios, tudo focado para que as pessoas criem esse hábito, chegar no maior número de pessoas que eu acredito que é o caminho que a gente sai daqui indo atrás das pessoas né? É um grande desafio manter uma lojista grande mas, a gente sabe que tem um retorno significativo e é esse o desafio, é exatamente a gente precisa realmente garantir e tentar focar nisso enquanto espaço para descentralizar e chegar mais próximo da população.
Saiba quem pode doar e como fazer a doação
A supervisora da Captação de Doadores, Josinete Gomes ainda esclareceu algumas dúvidas frequentemente levantadas sobre quem pode doar.
- Quem tem tatuagem pode doar?
Sim, após 365 dias de ter feito o procedimento da tatuagem.
- E quem tem piercing?
Pessoal que tem piercing na região oral e genial estão expostas a infecção, por isso, o ideal é tirar a joia e após um ano é possível doar.
- Quem teve COVID ou qualquer outro tipo de gripe, pode doar?
Sim, após 15 dias sem apresentar sintomas.
Ela ainda ressaltou que a data de incentivo à doação de sangue é comemorada nacionalmente no dia 25 de novembro, que também é aniversário do Hemope e fez um convite a população, já que em Maio costumam acontecer quedas mais bruscas nos bancos de sangue.
“Eu estou aqui pra fazer um convite a você que é doador e que nunca mais compareceu ao HEMOPE e a você que nunca doou. Você pode comparecer ao HEMOPE de segunda a sábado, das 7:15 às 18:30. Nós ficamos na Rua Joaquim Nabuco 171, por trás do Hospital da Restauração. E você também pode agendar a sua doação pelo 0800 0811535, se tiver dúvidas entra no site do HEMOPE e lá você poderá ver as mais frequentes relacionadas a doação. Mas o importante é você lembrar que com uma doação você pode salvar até quatro vidas. Então compareça e se disponibilize para ajudar uma pessoa que você não conhece porque um dia você também pode precisar.”
Doar é uma atitude crucial, no momento, só no estado de Pernambuco, a situação da maioria dos diferentes tipos sanguíneos está em estoque crítico. Não espere a oportunidade certa, o momento de salvar vidas é agora. Doe sangue, doe vida.
Essa é uma campanha da EMR de incentivo a doação de sangue.
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