A sinusite aguda, ou rinossinusite aguda, é uma infecção de vias aéreas superiores, mais especificamente uma infecção dos seios da face. É um diagnóstico comum, estima-se que anualmente 16% dos adultos são diagnosticados com sinusite aguda. É mais comumente de etiologia viral e gera um quadro de secreção nasal, tosse e dor na região dos seios faciais intensa.
Nesse post iremos abordar o que é sinusite aguda, seu quadro e como tratar!
O que é a sinusite aguda?
A sinusite é uma inflamação dos seios da face, que são eles: seios etmoidais, seios maxilares, seios esfenoidais e seios frontais. Pode ser dividida em aguda, subaguda e crônica, de acordo com a duração dos sintomas. A sinusite aguda é aquela em que os sintomas duram menos de 4 semanas, a subaguda é aquela que os sintomas duram entre 4 e 12 semanas e a crônica a que os sintomas duram mais de 12 semanas.
Epidemiologia
A rinossinusite aguda é uma afecção bastante comum, responsável por cerca de 1 a cada 5 prescrições de antibióticos para adultos, sendo a quinta causa mais comum para prescrição de antibiótico. Nas crianças, 6 a 7% dos quadros respiratórios são sinusite aguda. Já nos adultos, estima-se que anualmente 16% dos adultos são diagnosticados com sinusite aguda e que afete 1 a cada 7 adultos nos EUA.
Fisiopatologia
Os seios da face agem como filtro para poluentes, microorganismos, poeira e outros antígenos. Além disso, eles drenam para o meato intranasal através dos óstios. Suas membranas são revestidas por “cílios” que atuam de forma integrada e coordenada para realizar a função de circulação de muco e detritos filtrados.
Na rinossinusite, os seios da face e as passagens nasais não conseguem drenar os antígenos com eficácia, levando a uma inflamação local. Geralmente, é causada por uma obstrução dos óstios sinusais, disfunção dos cílios ou espessamento das secreções sinusais.
A causa mais comum de obstrução temporária dessas regiões de saída é o edema local devido a infecções do trato respiratório superior (IVAS) ou alergia nasal. Quando isso ocorre, as bactérias podem permanecer, ter acesso e proliferar nos seios paranasais geralmente estéreis. Devido a isso, muitas vezes um quadro de rinossinusite surge após um quadro de outra IVAS.
Causas de sinusite aguda
A maioria das sinusites é de origem viral, representando cerca de 90% do total de casos, sendo os patógenos mais comuns o rinovírus, adenovírus, vírus da influenza e da parainfluenza.
Em relação às bactérias, as mais comuns são o Streptococcus pneumoniae (38%), Haemophilus influenzae (36%) e a Moraxella catarrhalis (16%). Mais raramente, ainda, as sinusites podem ser causadas por fungos, sendo mais observados em imunossuprimidos.
Existem alguns fatores que predispõem o desenvolvimento da sinusite, são eles: história prévia recente de IVAS, rinite alérgica, lactente, obstrução anatômica (ex. tumor), tabagismo, contato intenso com piscina e mudanças bruscas de pressão (ex. viagem de avião).
Sintomas de sinusite aguda
O quadro clínico da sinusite aguda é caracterizado por secreção nasal purulenta, obstrução nasal e dor na região facial (muitas vezes descrita como cefaleia), associada à sensação de pressão. Outros sintomas que podem estar presentes incluem tosse, fadiga, hiposmia, anosmia, dor de ouvido e febre. Um quadro mais grave, principalmente se acompanhado de febre alta e secreção purulenta que dure mais de 4 dias geralmente indica origem bacteriana.
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Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da rinossinusite aguda é clínico, pelos sintomas, associado ao exame físico. A rinoscopia anterior pode revelar muco emanado do complexo ostiomeatal e o paciente pode relatar também dor ao ser realizado palpação de seios faciais.
Geralmente, o diagnóstico é dado se presente pelo menos 3 dos seguintes: dor local intensa, secreção nasal espessa ou purulenta, febre > 38°C, aumento de PCR ou VHS e presença de “dupla piora”. A “dupla piora” é o nome dado quando os sintomas pioram após um período inicial de melhora, sendo muito comum na sinusite, já que normalmente é causada por alguma outra IVAS, como resfriado comum.
O que chama atenção num quadro de sinusite, podendo significar maior gravidade, é piora dos sintomas após o 5° dia, persistência por mais de 10 dias e presença de doença unilateral. A avaliação laboratorial de rotina geralmente não é necessária, mas pode ter VHS e PCR aumentados. Exames de imagem para sinusite aguda não são necessários, a menos que haja preocupação clínica com uma complicação ou diagnóstico alternativo.
Se houver suspeita de uma complicação ou diagnóstico alternativo, ou se o paciente tiver infecções agudas recorrentes, então a tomografia computadorizada dos seios da face deve ser obtida para avaliar a presença de anomalias ósseas, de tecidos moles, dentárias ou outras anormalidades anatômicas ou a presença de sinusite crônica.
Tratamento da sinusite aguda
O tratamento da sinusite aguda muitas vezes pode ser apenas de suporte, já que 50% têm melhora espontânea do quadro, principalmente se viral. O tratamento de suporte baseia-se no uso de sintomáticos e lavagem nasal. Se a sinusite for bacteriana, ou apresente maior risco de complicações ou quadro mais exuberante, recomenda-se realização de antibioticoterapia.
A primeira linha é Amoxicilina 40 a 50 mg/kg/dia por 10 a 14 dias. Se falha, não melhora com 48h ou uso recente (< 30 dias), recomenda-se associar o clavulanato. Para os pacientes alérgicos à amoxicilina, pode-se fazer claritromicina ou azitromicina.
Complicações
Em alguns casos, a sinusite pode gerar algumas complicações, sendo a celulite orbitária e complicações intracranianas as mais comuns e graves. São alguns sinais de alerta para complicações: proptose ocular, edema palpebral, dor e diminuição do movimento ocular, sinais de hipertensão intracraniana (vômitos incoercíveis, convulsão e sonolência), sinais de irritação meníngea (ex. rigidez nucal) e déficits neurológicos focais.
Celulite orbitária ou pós-septal
A celulite orbitária ou pós-septal é a principal complicação da sinusite. Ocorre a disseminação da infecção dos seios para os tecidos posteriores à órbita. O seio etmoidal separa-se da órbita apenas por uma fina camada de osso (a lâmina papirácea), por isso seu acometimento têm maior risco de celulite orbitária. Como esse seio está em desenvolvimento desde o nascimento, acomete mais crianças mais novas.
Causa edema palpebral, dor ocular e proptose ocular. Em casos mais graves, pode gerar ainda oftalmoplegia, diminuição da acuidade visual e quemose. Nesses pacientes, deve ser realizado internamento, tomografia de órbitas e antibioticoterapia parenteral com amoxicilina-clavulanato ou ceftriaxona. Se necessário, deve ser realizada drenagem cirúrgica.
Complicações intracranianas
As complicações intracranianas devem ser suspeitadas se sinais de aumento da pressão intracraniana, irritação meníngea e déficits neurológicos focais. As complicações mais comuns são abscessos (epidural, subdural ou do parênquima cerebral) e trombose do seio cavernoso.
As complicações intracranianas geralmente surgem nos seios frontais pela proximidade. Como os seios frontais têm desenvolvimento variável, não parecendo se desenvolver até os 5 a 6 anos de idade e não atingem o desenvolvimento completo até depois da puberdade, ocorrem com mais frequência, portanto, em crianças mais velhas ou adultos.
Conclusão
A sinusite aguda é uma infecção que acomete os seios da face que dura menos de 4 semanas. Seu quadro clínico é caracterizado por dor em face, secreção nasal, obstrução nasal, febre e tosse. O principal fator de risco é a história recente de IVAS. O diagnóstico é clínico e o tratamento é feito por meio de antibiótico, com amoxicilina como primeira escolha.
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FONTE:
- DEBOER, Derek; KWON, Eduardo. Acute Sinusitis - StatPearls - NCBI Bookshelf. National Library Of Medicine. 2023.