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Publicado em
2/5/24

Residência Médica em Cirurgia Cardiovascular: rotina e salário

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Residência Médica em Cirurgia Cardiovascular: rotina e salário

A Cirurgia Cardiovascular passou por mudanças recentemente na sua residência médica, deixando de ser uma especialidade com pré-requisito em Cirurgia Geral e passando a ser de acesso direto. Diante disso, neste texto você encontrará mais detalhes sobre a residência médica, mercado de trabalho e muito mais da Cirurgia Cardiovascular, confira.

O que é a Cirurgia Cardiovascular?

A Cirurgia Cardiovascular é uma especialidade responsável por estudar, diagnosticar e intervir cirurgicamente no coração e nos vasos da base. Esses profissionais lidam com problemas congênitos ou adquiridos nas artérias coronárias, aorta e suas ramificações; também lidam com questões relativas à insuficiência cardíaca e transplantes cardíacos.

Devido a isso, ela pode ser confundida com a Cirurgia Vascular, entretanto elas se diferenciam pelas partes às quais o cirurgião opera. Sendo assim, o cirurgião cardiovascular é responsável por cuidar do coração e dos vasos da base. Já as demais artérias e veias e, também, os vasos linfáticos são responsabilidade do cirurgião vascular.   

Quais as características de um bom cirurgião cardiovascular?

A Cirurgia Cardiovascular passou a ser uma especialidade de acesso direto em 2018, para combater a evasão de profissionais
A Cirurgia Cardiovascular passou a ser uma especialidade de acesso direto em 2018, para combater a evasão de profissionais. Foto: Reprodução/Shutterstock

Além do profissionalismo e da ética, o cirurgião cardiovascular precisa ser bastante atento, a fim de observar os mínimos detalhes. Ele precisa ter muita habilidade com as mãos e ser preciso, já que boa parte dos procedimentos oferecem risco à vida dos pacientes. A empatia e a sensibilidade também devem fazer parte do perfil desse profissional, para prestar a melhor assistência aos indivíduos. E ainda, com os avanços tecnológicos pelos quais a aérea passa, o médico-cirurgião precisa ter habilidade com cateteres e conhecer bastante os métodos de imagem e cuidados pré e pós-operatório.

Desse modo, ele precisa estar sempre atualizado e ser conhecedor das novas tecnologias em saúde e de procedimentos minimamente invasivos: a exemplo da cirurgia endovascular e cirurgia por vídeo.

Qual o perfil dos cirurgiões cardiovasculares no Brasil?

Segundo a pesquisa Demografia Médica 2023, realizada pela Associação Médica Brasileira em parceria com a Universidade de São Paulo, atualmente o Brasil conta com 2.557 cirurgiões cardiovasculares - número que representa 0,5% do total de médicos especialistas. De acordo com o estudo, essa especialidade é majoritariamente composta por homens, com 88,8% do total de especialistas, contra 11,2% de mulheres.

Além disso, a média de idade desse profissional é de 53 anos e eles residem em sua maioria nas capitais do sudeste do Brasil. Confira a distribuição geográfica completa abaixo.

Por região do país:

  • 51,3% dos formados em Cirurgia Cardiovascular residem no Sudeste;
  • 21,8% no Sul;
  • 15,2% no Nordeste;
  • 9% no Centro-Oeste;
  • E 2,7% na região Norte.

Já a divisão por tipo de município é da seguinte forma:

  • 60,7% desses profissionais residem em alguma capital brasileira;
  • 33,4% em cidades do interior;
  • E 5,9 na região metropolitana.  

Como é a residência médica em Cirurgia Cardiovascular?

A residência médica em Cirurgia Cardiovascular é uma especialização de acesso direto, com duração de 5 anos. Até 2017, o tempo de formação total era de 4 anos, pois para fazer esta residência era exigido o pré-requisito em Cirurgia Geral, com 2 anos de duração. Mas, dentre outras coisas, havia uma evasão dos cirurgiões cardiovasculares e estudos mostraram que em dez anos haveria falta de profissionais.

Dessa maneira, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) divulgou uma resolução alterando o modo de ingresso e tempo de duração da residência, que começou a valer a partir de 2018.  Ao longo dos 5 anos da residência médica em Cirurgia Cardiovascular, o residente passa pelos seguintes estágios:

  • Urgência/emergência;
  • Aorta;
  • Válvula;
  • Coronárias;
  • Doenças congênitas;
  • Marca-passo;
  • UTI; e
  • Ambulatórios. 

A rotina da especialização muda um pouco a depender do local onde ela é feita, mas de maneira geral, inicialmente os residentes aprendem sobre os cuidados peri e pós-operatórios.

Nesse primeiro contato com a especialidade o ato cirúrgico fica em segundo plano. Os residentes checam os exames pré-operatórios e montam o planejamento adequado para a monitorização e acessos vasculares dos pacientes. Além disso, acompanham os pacientes do pós-operatório que estão na UTI ou na unidade coronariana.  Para isso, aprendem sobre o manejo do pós-operatório imediato (hemodinâmica, ventilação mecânica, checagem de sinais vitais).

Os residentes passam a ser treinados a fazer cirurgias como: safenectomias, esternotomias,  esternorrafias e dissecação das artérias radiais. Com o passar dos anos da especialização o ato cirúrgico passa a ser prioridade e com ele vem o aumento da responsabilidade.

Assim, cirurgias mais complexas como a esternotomia mediana, pericardiotomia e canulação para CEC passam a fazer parte do dia a dia. As atividades teóricas como clube de revistas e discussão de casos e de artigos também fazem parte da residência médica em Cirurgia Cardiovascular.

O que estudar para ser um residente em Cirurgia Cardiovascular?

Se você deseja fazer uma residência médica em Cirurgia Cardiovascular, é necessário bastante dedicação uma vez que essa especialidade é bastante concorrida. Para se ter uma ideia, na prova para residência médica do ENARE 2024 a área contou com 28 inscritos para cada vaga, já nas provas da USP 2024 e SUS-SP 2024, ambos os editais contaram com 16 concorrentes para cada vaga.

Assim, para conseguir ser aprovado e se tornar um residente em Cirurgia Cardiovascular é fundamental contar com o método de estudo e as ferramentas certas, como os Extensivos Eu Médico Residente

Nossos cursos contam com a metodologia que já aprovou milhares de alunos em todo o país, incluindo o primeiro e segundo lugar na residência em Cirurgia Cardiovascular pela SURCE e o segundo lugar em Cirurgia Cardiovascular na Santa Casa de BH, confira.

Como funciona a rotina profissional do Cirurgião Cardiovascular?

Os cirurgiões cardiovasculares podem trabalhar em hospitais públicos ou privados, nas emergências ou em plantões, além de também poderem seguir a carreira acadêmica. Sobre a rotina, esse profissional passa a maior parte do tempo no centro cirúrgico e, ao contrário de outras especialidades cirúrgicas, a maioria das cirurgias cardiovasculares possuem uma duração razoável, com poucas cirurgias durando menos de quatro horas.

Dessa forma, a carga de trabalho dessa área é bem grande com uma rotina muitas vezes indefinida. Nessa área também o profissional não possui um perfil de paciente bem delimitado, podendo realizar cirurgias em adultos, mas também em crianças, principalmente em malformações congênitas. 

Ao contrário de outras especialidades médicas, na Cirurgia Cardiovascular o profissional pode atender adultos e crianças
Ao contrário de outras especialidades médicas, na Cirurgia Cardiovascular o profissional pode atender adultos e crianças. Foto: Reprodução/Shutterstock

A partir residência médica em Cirurgia Cardiovascular, o cirurgião permite a atuação em áreas correspondentes aos seguintes grupos:

Patologias Congênitas

O médico atua em cirurgias cardíacas congênitas, tratando de doenças como:

  • Tetralogia de Fallot;
  • Estenose da Artéria Pulmonar;
  • Truncus Arteriosus;
  • Anomalia de Ebstein;
  • Comunicação interatrial e interventricular; e
  • Drenagem anômala das veias pulmonares.

A depender do defeito ou anomalia, não é possível corrigir por completo, mas pode ser criada uma compensação temporária. Vale salientar que a cirurgia cardíaca congênita não pode ser chamada de pediátrica, uma vez que os adultos também possuem problemas congênitos.

Patologias Adquiridas

Quem opta por esta subespecialidade trata cirurgicamente patologias adquiridas ao longo da vida, como as aortopatias, cardiopatias e valvulopatias. Além de doenças isquêmicas do coração, distúrbios de condução elétrica, traumas, tumores e aneurismas. Os cirurgiões também são responsáveis pelos transplantes de coração e pelas dissecções da aorta. Sendo elas consideradas as duas únicas patologias emergenciais da Cirurgia Cardíaca.

Mercado de trabalho e salário

Ao ingressar no mercado de trabalho, o médico pode ingressar numa equipe já formada ou se tornar assistente da equipe na qual foi treinado. É raro que ele monte seu próprio serviço logo no início da carreira. Isso porque o custo é elevado e a prática exige uma estrutura muito complexa, com os insumos e equipamentos necessários para fornecer um atendimento de qualidade.

A Cirurgia Cardiovascular é uma área em que o profissional precisa, em sua grande maioria, estar em grandes centros. Isso porque cirurgias cardíacas são operações complexas que precisam além de uma equipe grande e muito qualificada, uma estrutura que atenda esse paciente caso ele tenha intercorrências, como UTIs.

Além disso, o cirurgião cardíaco é bem remunerado e o salário vai aumentando com a experiência adquirida ao longo dos anos. Assim, segundo o site salário, a remuneração média é de R$6.818,92, por uma jornada de trabalho de 28 horas semanais.

No entanto, o seu salário pode chegar a ser maior do que isso, pois além do salário fixo, podem prestar atendimentos extras e dá plantões. Vale salientar que a remuneração varia de acordo com a região do país, com a área de atuação e com a experiência do médico-cirurgião.

Conclusão

A residência médica em Cirurgia Cardiovascular não é fácil e exige bastante atenção e precisão dos médicos-cirurgiões. No entanto, se você está procurando uma carreira que remunere bem, e lide com pacientes de diferentes perfis e alta complexidade, esta é uma delas. E o salário pode aumentar com o tempo de experiência.

Além disso, é uma especialidade que oferece muitas possibilidades de atuação profissional. Dessa maneira, é possível atuar em cirurgias de pequena a alta complexidade. A Cirurgia Cardiovascular pode até ser confundida com outras especialidades, mas é a única responsável por tratar cirurgicamente o coração e os vasos da base.

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